sexta-feira, 13 de abril de 2018

O que os EUA e seus aliados poderiam conseguir com um ataque à Síria?

© EPA Em abril de 2017, os EUA lançaram 59 mísseis de cruzeiro na base aérea de Shayrat em resposta a um ataque anterior com armas químicas

No ano passado, quando os Estados Unidos atacaram a base aérea síria de Shayrat em retaliação ao uso de armas químicas na cidade de Khan Sheikhun, a força aérea síria fez questão de se mostrar operante já no dia seguinte.
Os EUA estarão determinados para que isso não se repita, e é por isso que podemos esperar uma campanha aérea mais prolongada com ataques repetidos e em locais importantes.
Que propósito estratégico pode ser atendido com isso?
Isso certamente não fará diferença imediata para a população civil da Síria - que tem sofrido bastante nas mãos de seu próprio governo e de vários grupos rebeldes, terroristas e guerrilheiros.
E é improvável que o presidente Assad ceda em sua determinação de consolidar seu poder sobre o país.
Então, por que correr todos os riscos de uma escalada com a Rússia e das perspectivas de conseqüências indesejadas que normalmente se seguem?
Por si só, a força militar não tem sentido. Ela precisa ser parte de uma estratégia política e, neste caso, a estratégia é sobre questões maiores do que a própria Síria e só oferece uma esperança mínima à população do país.
O primeiro objetivo é fazer recuar a tendência de "normalização" do uso de armas químicas em qualquer guerra.
O tabu contra o seu uso tem sido surpreendentemente forte desde o final da Primeira Guerra Mundial. A Convenção sobre Armas Químicas de 1993 tem sido uma das medidas de desarmamento mais eficazes da história moderna. A Síria é signatária.
Em 2013, o presidente americano Barack Obama afirmou que iria manter esse tabu como uma "linha vermelha", mas não o fez. E apesar das negativas contundentes do governo de Assad, há inúmeras evidências de que as forças sírias, com conivência russa, têm usado armas químicas regularmente contra seu próprio povo desde então.
Muitos políticos ocidentais acham que o ataque em Douma não pode ficar sem resposta. Tornou-se um caso de teste para o estado de direito internacional, que está sob forte pressão em muitas frentes.
© Reuters Organizações locais dizem que mulheres e crianças foram afetados pelo suposto ataque químico
Além disso, alguns argumentam que uma ação militar efetiva representaria uma aceitação de que as potências ocidentais retornaram ao jogo da política do Oriente Médio em um momento em que a região está em colapso.
A campanha contra o chamado Estado Islâmico (EI) sempre foi um espetáculo geopolítico, e a influência ocidental sobre o que vem acontecendo do Líbano ao Iêmen tem declinado fortemente.
É claro que é tentador - e compreensível - aos líderes ocidentais para que não se envolvam nisso. Mas enquanto eles desviavam o foco para o combate ao Estado Islâmico, o futuro da área estava sendo determinado pelo Irã, Rússia e em parte também pela Turquia.
O que é melhor para os interesses de longo prazo das potências ocidentais: se envolver ou se manter distante da constelação de poderes saindo de controle? Esse é o cálculo que está sendo feito.
E a esperança para a população síria é de que uma campanha militar eficaz possa empurrar o presidente Assad de volta às negociações para que a guerra termine de forma mais humana do que com uma vitória cruel.
Usar a força militar nunca é fácil, mas só pode ser eficaz se for parte de uma estratégia política coerente e realista.

Sobre este artigo

A análise foi encomendada pela BBC a um especialista que trabalha para uma organização externa.
O professor Michael Clarke é pesquisador sênior do Royal United Services Institute for Defence and Security Studies (Rusi), um grupo de especialistas britânico nas áreas de defesa e segurança, e diretor associado do Instituto de Estudos Estratégicos.
www.msn.com

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